sábado, 20 de abril de 2013

BAHIA - Poesia sobre o interior da Bahia - Percepções - Sensibilidades - Expectativas - Região do sertão de Caetité - Entrando por Correntina - Bom Jesus da Lapa - Caetité - Lagoa Real - Fazenda Caroba - Paisagens bucólicas da Bahia - O reencontro de parentes separados por mais de 100 anos - Terra natal - Uma das origens da família Spinola no Brasil - Com 13 fotos - Fotos da Bahia, interior - Poesia retratando uma região do semi-árido

 

 
"Com galhos retorcidos, com
folhas ressequidas...."

Bahia
(28 estrofes)
 
Cheguei a Bahia, Correntina !! 
A primeira cidade, menina
que hoje abriu a porta desta nossa sina.

Vi sua primeira casa, pequenina.
Ao longe mostrando suas duas águas,
aconchegantes por fora e por dentro, caiadas.
Assim como o seu povo, o baiano,
festeiro em muitos meses do ano.

De corpo moreno, vistoso.
De coração grande, bondoso.
Em seu andar vi elegância,

em seu porte, altivez.
O sofrei, pássaro do interior da Bahia
Em suas mãos estendidas, um convite : 

Vem !! Agora é a sua vez !!                               

E logo fui mesmo
à sua índole adentrar.
Vi arte em suas coisas.

Vi poesia em seu olhar.                                        

Seus rapazes são robustos.
Suas moças são belas,
como a árvore caroba,
de lindas flores amarelas.
O sol tórrido seca a vegetação.
Mas "a vida está latente
em seu seio"


O carro corria célere,
por entre planaltos e serras cortando.
Ao longe montanhas e morros
nossos olhares, curiosos, avistando.
Aqui e acolá uma outra casinha
ladeada de palmas plantadas,
sempre com uma porta ao centro
e duas janelas pequeninas moldadas.


 
As cercas próximas das casas
com mourões bem perto afincados
e seus ponteiros de branco pintados
mostravam que o povo baiano
não era ambicioso e por demais trabalhador,
No ano 2001 ainda se usavam
os carros de boi. Em 2013,
raramente.


mas, além de sua nativa arte e poesia,
os frutos de suas lidas eram feitos de amor.

Lá mais à frente uma aragem úmida
subindo invisível de mais verdes plantas
anunciavam a chegada de um oásis :
o rio São Francisco
de águas puras e santas.



Do outro lado uma grande pedra se elevava,
Sozinha, à beira rio se postava.
Na verdade, um morro misterioso
que abrigava em suas grutas o seu povo
à procura do Bom Jesus da Lapa,
o Senhor de bondade, o dadivoso.

Aos poucos distanciando
a vegetação marrom ia se tornando.
Pote de mais de oitenta anos.
Compradores oferecem uma ninharia
por antiguidades que vão ornamentar
ricas residências


Com galhos retorcidos,
com folhas ressequidas,
nos chãos empueirados
ou nos barros trinchados,
mantinham-se em pé


para os céus espetados
canas secas e restolhos rijos e deslustrados.
Era a visão do sertão
que evocava a razão
e enternecia o coração.

Felizmente, logo vi
que era só uma apreesão minha,
pois a vida naquela secura pululava
abaixo de uma terra que latente a aninha.
Atualmente as vacas já bebem em
 "vascas" como essa. Muitas,
ainda bebem água em "tanques"



Bem próximo passamos
de uma cidade inclinada na encosta.
Era a antiga capital do sertão :
Caetité !!
A terra até hoje da cultura e do coração.



De repente uma placa
com dizeres muito antes contados,
mas só agora magicamente avistados,
estende-se à nossa frente :
"Lagoa Real, a terra das vaquejadas".
Pilão muito antigo encontrado
nos escombros de uma casa
totalmente "estiorada"



Mais três léguas à frente
para lá naqueles dias acorriam
os vaqueiros de outras bandas,
de outros eitos onde viviam.

A região era um baixio seco
com pequenas ondulações
bem ao longe circundadas
por montanhas arredondadas
em suas belas formações.



 
As pequenas casas à beira da estrada
O mandacaru é protegido até
mesmo na frente de algumas casas


íam em número aumentando,
com suas plantações de côco,
de palma, de mandioca
e de muitas outras se misturando.

Tudo era muito bonito.
Era gostoso. Era formoso.
Os currais e as cercas eram feitos com arte
e as paredes brancas reluzindo por toda parte.


 
As vacas pastavam os restinhos verdes das colinas.
As mulas aquietavam-se nos fundos dos quintais
e já bem perto da cidade os cavalos se ajuntavam
aos outros ajaezados animais.

  


"Lagoa Real, uma bem nova cidade
sem igual...."

A primeira lagoa não era a Real.
Era só uma presa
para as pequenas propriedades abastecer.
Ela estava quase vazia,
com plantas que se emergiam secas
enfeiando a superfície
e o sol ao entardecer.

Mas aqui, onde há água, há beleza,
pois ao seu redor a vida, verdejante, viceja.
Lagoa Real !!
Uma bem nova cidade sem igual,
em dia de festa, 
pessoas e olhares maravilhados
A linda árvore da imburana fêmea.
Sua madeira é leve e durável.


e os animais, em tropel, agitados.

Vão pra lá, vão pra cá alegremente.
É a vida do sertão ora contente,
comemorando o vaqueiro solitário,
mas em seu dia, o motivo de toda gente.

A cidade só tem dez anos
e ainda é bem pequena,
mas o povo de Lagoa Real,
à beira de águas límpidas e terra sal,
tem coração grande e alma serena.

Logo a atravessamos,
entrando agora por estradinhas de terra
"como a caroba, de lindas flores
 amarelas...."


com chácaras e sítios entremeando,
entre outeiros nos deslumbrando.

Cuidado !! Preste atenção !!
Porque, senão, meu irmão,
o caminho certo você erra.

Uma légua se passou
e um sentir ao coração ditou :
É aquela casa !! A Caroba,
o lugar que nosso pai contou.

De formato, é a mesma que as outras,
Uma antiga prensa de fazer farinha.
 O parafuso de madeira tem um
 diâmetro de quase 20 centímetros.
Preservada até hoje na Caroba.


só que seu tamanho é maior.
Está toda pintada de branco
e um grande terreiro ao seu redor.

Do outro lado, uma casinha
que outrora havia sido uma escolinha
e também, mais atrás, uma outra com aparatos,
a casa da roda, onde se fazia farinha.

No silêncio do ermo sertão
já se ouvia ao longe o ruído do motor,
pois quando paramos os parentes já estavam
A pequena casa-grande, feita de
 "adobão", diante da qual "olhares
radiantes se cruzaram"


à soleira da porta,
nos aguardando com amor.

Olhares radiantes se cruzaram,
suas mãos ávidas se entrelaçaram.
Eram do mesmo sangue antigo, 

finalmente se encontraram !!


 


 
Luiz A. V. Spinola - 13 junho 2001
Publicado neste blog em 20 abril 2013

 

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