terça-feira, 21 de janeiro de 2014

TE DEI MINHA VIDA - Poesia romântica-mística - Dependência ao amor humano e superação através do amor divino - "E Ele, o eterno, continuará em mim a viver. E eu, o perecível, cerrarei meus olhos e serei uma simples lembrança nas lembranças dela." - Superação - Frases que expressam o amor humano e o amor divino, em correlação.


E quis meu amor a ti ocultar....
TE DEI MINHA VIDA


A dependência....

Te dei minha vida,
você não a aceitou.                                 
Te emprestei um livro,
você não o considerou.
Serei eu, assim,
tão insignificante,
não tendo você visto em mim
amor ou amizade o bastante ?


No entanto, após doloridas tentativas
de estar a teu lado sem teu amor eu ter,
quis esquecer-te e pedi que você não mais me procurasse.
Parece-me ter se entristecido,
porque mesmo uma simples amizade preterida        -                                                                                                       dói no fundo do coração,                                           
Em suas formas, movimentos e tempos....
ou na raiz do orgulho,                                                
que lhe traz aflição.                                                  
                                                                                     
Não enrugues o teu senho, amada minha.
Não tensiones o teu ombro, minha querida.
Não deixes o teu coração franzir-se, minha inspiração.
Agora de novo voltei a amar-te,
pois, embora disseste-me "não" por três vezes,
agarrei-me em um disfarçado "sim"
quando você aceitou os meus escritos, dizendo-me :
"Eu os recebo, se você se sente bem assim".

Então tive de continuar
aos desejos e sonhos transmutar.
Elevá-los às alturas da mente e da alma,
e, em paz, poder e serenidade te esperar.

Que isto não a aborreça, oh minha vida !!
Necessitei distanciar-me
para sozinho travar uma luta.
Dentro de mim mesmo, vencedores e vencidos.
De um lado, minha fraquezas,
que nublavam a ti minhas belezas.
De outro, minhas armas fortes,
Em valas que cheiravam a mortes....
tendo eu de descobri-las,                                      
pois escondidas estavam                                          
em valas que cheiravam a mortes.                        
Enquanto houver uma mínima esperança
estarei, destemido e poderoso,
aguardando que o amor em teu coração nasça,
genuíno e vigoroso.

Mais uma vez, não julgues que a reneguei.
Resolvi apenas ocultar-te meu amor
para não mais sofrer....e o tempo pudesse,
pelo menos um pouco,
fazer esquecer-te.

Mas desejo te amar,
mesmo que muito tenha de esperar.
E que este amor seja na medida certa, constante,
livre, desprendido e doador.
Porque por um longo tempo só é possível, assim,
suportar uma tolerável dor.
       

A superação....
                                                                          -                                                                                          
"E elevarei a minha alma                                          
até aos céus encontrar.
Lá chegando, a Deus pedirei :
"Dota-me de um poder igual ao Teu,
para que eu possa com Teus olhos ver,
No perfume suave do seu corpo....
com Teus ouvidos ouvir,
com Tuas narinas inalar,
com Tua boca saborear
com Tua pele sentir....

E voltando à Terra,
forte, poderoso e independente,
olhar minha amada com Teus olhos,
e nela ver Tua beleza resplendente,
e também em todo ser vivente.
No doce encanto de sua voz, ouvir a Tua,
que ressoa igual a de milhares de amantes.
No perfume suave de seu corpo,
inalar Tua divina fragrância, que exalas de todos os seres.
Na expressiva amorosidade de sua boca,                  
deliciar-me com os manjares de Teu reino,         
que em tudo torna-se manifesto,                                                                                                                                        em suas formas, movimentos e tempos.
Na maciez e na harmoniosa conformação de sua rósea pele,
sentir o aconchego da Tua presença
e a abrangência infinita do Teu Ser.

Recostar-me-ei ao tronco de uma
selvagem árvore....
E, finalmente, se mesmo após um prolongado tempo,
ela não se acordar de seu sono,
recostar-me-ei ao tronco de uma selvagem árvore,
e deixarei, só então, que minha alma sozinha se veja
com, também, os olhos Dele.
E Ele, o eterno, continuará em mim a viver.
E eu, o perecível, cerrarei meus olhos
e serei uma simples lembrança
nas lembranças dela."

Luiz A. V. Spinola – 22 / set / 2000
Publicada em 23 de março de 2009, na extinta sessão Páginas do Grupo Ambiente Literário
Publicada em 21/janeiro/2014 em Ambiente Literário - blog

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