sábado, 8 de janeiro de 2011

EMAILS AMIGÁVEIS EM FORMA DE CRÔNICAS - Raul Longo e Luiz Spinola - Seu estilo me cativa - Neste seu espírito crítico que às vezes se volta a si mesmo - Homem hominiano - "Interagiu comigo, já é igual - As "cocás" na Bahia - Galinhas de angola

 



DESCULPE OS ERROS DE FORMATAÇÃO....BLOG EM CONSTRUÇÃO
Esta página é uma série de mensagens trocadas por Raul Longo - o cronista - e Luiz Spinola. 
 OBS : Partes ou palavras irrelevantes foram subtraidas. 
 
"SEU ESTILO ME CATIVA"

( de Luiz )


Olá Raul !!
Não sei o que fiz para merecer a sua dedicada atenção. Obrigado pelas descrições sobre sua pretérita vida de internauta lutador.
Creio que fazemos parte (eu no primeiro passo) de autores virtuais que não se preocupam com o livro feito de fibras. Nossa geração, sem menosprezar alguns desejáveis empregos ao convencional livro, prefere expressar-se´por este meio : a internet. São os novos tempos.
O meu email já está saturando de tantas mensagens que chegam não sei de onde. Embora muitas sejam interessantes, não consigo tempo para abrí-las. Comentando com um irmão, o José (estou a passeio aqui em São Paulo) sobre objetivos, citei-lhe que o meu não é aparecer na internet, mas sim propiciar que conceitos e valores apareçam. Se o nome vai junto....é conjuntural.
No que for possível, vamos, sim, fazer divulgação de seu tranquilo e belo recanto.
Depois que te escrevi é que o desligado aqui resolveu digitar o seu nome no google. Andei lendo outros artigos seus. Devo ler muito ainda para te conhecer melhor.
Ei Raul !!...Em uma certa medida me vejo em você. Neste seu espírito crítico que às vezes se volta a si mesmo. Me lembrei de uma poesia, similar à das "entre as mãos e os dedos ... vossas cabeças vivas, de olhos e bocas arregaladas", quando moças vestidas de Carmen Miranda dançavam versos no show "música popular brasileira." "E vós, assentados comodamente nestas cadeiras deslizantes"...de "Homem hominiano". Não se importe em entender. São apenas vagas e esparsas reminescências(?). Eu tinha 20 anos, com o amigo Luiz Leite de Oliveira, hoje arquiteto e intelectual em Porto Velho. Grande amigo que o tempo está a roubar-me.
Continue a me ensinar !! Seu estilo me cativa. Espero ser alguém para você, pelo menos em algum conteúdo, livre e sincero.
Grande abraço,
Luiz.




 SER IGUAL.... APRENDER....ENSINAR....ATÉ MESMO COM OS ANIMAIS E COM AS COISAS !!

( De Raul : )

 
Oxente Luiz, mas tu tem umas coisas engraçadas que parece que não sei!
Como é que é isso de "Num sei que fiz para merecer sua atenção!"
Seu menino! Pois se tu num é um ser escrevente que escreve a mim, aqui?
Apois! Se tu escreveu, eu vou fazer o quê? Ficar olhando pras letrinhas até ficar zarolho?
Tenho de responder, é claro!
Sempre fui cabra proseador. A tropa que se perca que eu não perco uma conversa. Ademais, é conversando que se faz o amigo pra depois ajudar a juntar as mula.
Aí, lá adiante, você ainda arremata com um "Espero ser alguém para você".
Danou-se! Tá me achando que sou quem ou o quê? O dia que alguém, alguma coisa viva, que eu nem conheço pessoalmente, não for alguém pra mim, pode mandar seguir o enterro que já tô morto.
Pois pode ir parando de esperar ser alguém pra mim, porque você já é alguém pra mim. Só não seria se nunca tivesse me escrito, pois aí eu não teria como saber de sua existência e assim não haveria jeito de você ser alguém pra mim, mesmo. Mas à medida que você me escreve, ou me telefona, ou aparece na minha frente, você é o que, se não é alguém? Uma assombração?
Pra mim saber da existência de uma pessoa e não me interessar pela existência desse meu igual, só se o sujeito for muito metido a ser mais do que o resto da humanidade. Aí sim, eu vou me esforçar para entender que ele não é ninguém.
Vou me esforçar, mas sei que não vou conseguir, porque em determinadas situações a gente nunca consegue fazer de conta que ali não tem alguém, um igual.
Igual que digo não é só por ter duas pernas, não. Interagiu comigo, já é igual.
Eu posso não saber o nome de todos, mas te conto de todos os cachorros que são meus amigos aqui na rua. E olhe que não são poucos não, pois minha rua, como lhe contei, tem uns 6 kms.
O povo aqui me acha meio maluco porque converso com a bicharada toda. Pois não haveria de conversar? Pode até ser que os passarinhos não estejam cantando pra mim, mas quem garante?
E além do mais, quê me custa gastar uns dizeres aos passarinhos, às gaivotas, os lagartos? Eles me divertem, tenho de tentar retribuir de algum jeito, não é assim?
Se eu não conversasse com os cachorros, não tinha como me divertir com o balançar de seus rabos.
Se eu não conversasse com você pela internet, você não contaria, ainda que pela metade (ficas me devendo por inteiro), a frase do teu discurso.
Ai você me pede que continue a te ensinar. Claro. Com o maior prazer. Mas como é que poderia ter algo a ensinar pra você, se não houvesse aprendido com alguém? E como poderia ter aprendido com alguém, se os alguéns não fossem sempre um alguém para mim?
Como é que vai ensinar, quem não aprendeu? E se eu tenho algo para  ensinar (o que é muito bom), é porque tenho algo a aprender de você, também.
Impossível pra qualquer um só ensinar, sem aprender nada de quem está ensinando! Isso não existe!
Do contrário o sujeito pensa que está ensinando, mas tá é falando pras paredes como faz professô-dotô que enche os ouvidos dos alunos de blá-blá-blá, mas os coitados não conseguem aprender nada. E não conseguem porque o tal também não aprende nada com os alunos.
Todo mundo diz que Canela, minha amiga e companheira cadela, é muito inteligente porque aprende o que  ensino pra ela. Mas ninguém percebe o que aprendo com ela. E se não aprendesse com a Canela, como é que eu conseguiria ensinar alguma coisa pra ela? 
A porta, por exemplo. Até aprendo alguma coisa com a porta: como é que fecha, como é que abre, quando tenho de desviar pra não dar com ela na cabeça... E quase que só isso. Mas se não consigo ensinar coisa alguma pra porta, como posso aprender mais com a porta, ou vice-versa.
Com os seres viventes, é a mesma coisa: quanto mais aprendo com eles, mais vou lhes ensinando. E vice-versa.
Isso é um círculo, Luiz. E se eu te excluo desse círculo, automaticamente estou excluindo a mim mesmo. Quanto mais gente eu excluir do meu círculo, mais vou ficando excluído do meu próprio círculo.
Se eu sou um ser vivo, qual é o meu círculo? O de seres vivos, pois não?
Se me excluo desse círculo, deixo de ser vivo. E pelo menos por enquanto, nunca pensei em ser morto. Pelo contrário!
Então vai lá um abraço grande, mas pare de esperar por coisas que já são, e são porque são como têm de ser. Não por minha causa.
Outra coisa: tás me devendo seus escritos.  

"ESTOU APRENDENDO...."
( De Luiz : ) 
Ôba, Raul !!
Primeiro eu vou continuar a terminar de gargalhar, com muita satisfação, de cada um de seus inusitados e cômicos parágrafos !!
Ainda restam sorrisos, provocados pela nossa interação de aprendizagem, que aprendem com este teclado de uma casa de internet na rodoviária de São Paulo.
Aprendi muito bem este primeiro B-A-B-Á. Vou seguir viagem treinando "a rôdo" esta nova técnica de conviver com a realidade, se é que esta é a realidade para cada um.
Depois vou criar uma página para esta sua bela crônica de dois que se iniciam em se conhecerem. Tá muito bem !!....Talvez uns 10% de meus escritos estejam na internet. Estou à busca de tempo para conseguir digitar e postar os outros, que se avolumam com os recentes. Sou de natureza "marcha lenta", até em esperar o momento certo de inspiração para escrever. Passa um tempão de um escrito a outro. Não tenho uma lista de amigos e amigas especiais aos quais envio meus escritos. Em sincronia com a sua filosofia, considero todos, inclusive minhas duas cadelas e minhas doze cocás, como sendo minhas extensões, e eu, extensões delas. (Preciso descobrir um jeito de ensinar a elas os conceitos que posto na internet, se é que elas vão dar bola pra estes conceitos !!...). Estes escritos estão postados em alguns dos Grupos-Ambiente (ver "primeiras mensagens" e "páginas", principalmente nos grupos salas-de-leitura terminados em "1".) 
Olha aí....!! Estou aprendendo um pouco do seu estilo. !!
Depois a gente se aprende mais. Em trânsito a pressa rouba um pouco da inspiração.
Falou, grande? !!...Abraço....Luiz.
Fique à vontade para me responder através do email :
(neste grupo é necessário ser membro apenas para receber mensagens)


Posso postar, na íntegra, este nosso bate papo no grupo "Ambiente Amizade Transparente" ? - Pra que outros aprendam com a gente e a gente aprenda com os outros ?!!
"ASSIM NÃO DÁ, ASSIM NÃO PODE"
( de Raul : )
O que são "cocás"?
E postar o bate-papo também pode. Só não pode é ficar me perguntando o que pode e o que não pode.
Tudo pode! A internet não é uma rede? Então! Caiu na rede é peixe.
Esse negócio de "Assim não dá! Assim não pode!" era lá com o professô-dotô FHC. Os tempos mudaram.
Raul Longo
Pouso da Poesia
 






O QUE SÃO "COCÁS" ?

( De Luiz : )

Eita, Raul !!....
Você só me faz rir !!...."Só não pode é ficar perguntando!!...." "Caiu na rede é peixe !!...."
Legal !!
Olha, "cocás" é o nome que se dá lá na Bahia às angolas ou às galinhas de guiné, pra outras bandas. Ontem o meu irmão José me disse que o nome mais correto é "guiné", pois elas são originárias deste país da Africa. Falar nisso, andei tirando umas fotos das  ditas cocás. Estou aprendendo a inserir fotos em sites. Logo você vai ver !!
Quanto a postar, sou favorável à livre divulgação do conhecimento. É que tem coisas que a gente fica meio cismado se não está a interferir na privacidade dos outros. Pode deixar que eu não vou abusar !!
Pronto, pronto !!...como se diz lá no interior da Bahia,
Abração....Luiz.
Compl. : Muito bom você ter respondido através do grupo Ambiente Amizade Transparente. Já que a gente está encalacrado(?) de vez na WEB, um pouco mais é até bom para aumentar o conhecer mútuo nosso e o das outras pessoas.
PODE CONTINUAR !!....
Olá Raul !!

Incrível !! Você tem muito saber nesta cabeça. Resta-me, além de admirar, tentar escrever algo de meu próprio saber, em um estilo que espero corresponder minimamente ao seu : pela sua forma de escrever, você faz alguém gostar de um conteúdo que não lhe é prioridade. Confesso que estou sendo atraido aos temas que você discorre devido ao seu cativante estilo. E me diz aí : Alguém tão apto a escrever para "grandes" veículos de comunicação, assim como já o fez em suas "batalhas" como jornalista e poeta, como pode estar recluso em seu maravilhoso recanto, tranquilo a efluvescer conhecimento gratuito através de bilhares de bytes internáuticos ? Tenho cá minhas opiniões, porém é melhor aguardar o seu esclarecimento ( a dica está em "grandes" ).

Os seus ricos comentários, que seguem com cópia abaixo, merecem um título e merecem ser publicados em outros sites. Como você já notou, minha índole instiga-me a disseminar, compartilhando, todo conhecimento inédito, peculiar, inovador, alternativo e construtivo.
Desta vez darei preferência a enviar uma cópia, ou talvez criar uma página, no grupo Ambiente Liberdade.

Grande abraço....Luiz



( De Raul : )

CRÔNICA INFORMAL DE RAUL LONGO - AS COCÁS - RUI BARBOSA - ORIGENS ÉTNICAS DOS BRASILEIROS - VALORES DA ÁFRICA

 Luiz:

Essa do Cocás é nova pra mim. Conhecia, pela Bahia mesmo, as de Guiné, como lhe contou o irmão.

Já lá no Rio de Janeiro, elas são de Angola. Mas isso é um problema étnico geográfico que remonta ao pai do Rui Barbosa. Não sei se você já ouviu falar desse episódio, mas o tão decantado Rui Barbosa, além de precursor de Carlos Lacerda, o mestre do entreguismo carinhosamente evocado por FHC, também é culpado por hoje não termos como definir regionalmente nossas origens africanas.

O que é uma brutal defasagem cultural.

Veja você que nos Estados Unidos, para onde os ingleses (donos do tráfego e mercado negreiro) mandaram os povos nômades por serem de mais fácil controle, visto terem menor formação comunitária e cultura autóctone, além de mais resistência por adaptação às intempéries e dificuldades naturais à vida nômade; se é possível definir a região de origem e até remontar a genealogia de cada afro-descendente.

Assim lá se fez possível a um escritor produzir o bestseller "Raízes", do qual se fez um seriado de TV exibido aqui no Brasil, protagonizado pelo personagem Guntha Kintê.

Já para nós isso se faz impossível, porque todos os negros que chegavam ao Brasil, depois de registrados na alfândega do porto de Salvador, eram transladados (misturadamente para evitar identificação entre eles) ao resto do país.

Desgraçadamente, o funcionário da alfândega responsável pelo registro dessa gente, era o pai do Rui Barbosa que, estudante lá no Rio de Janeiro, participava dos movimentos abolicionistas.

Uma vez conheci uma moça que em Ubatuba (SP divisa com RJ) era do PT, mas na sua terra, Ribeirão Preto, tinha a família da UDR. Hoje a moça (nem tanto) está no PSOL. Pois semelhante foi o Rui quando, ao perceber que o tal do abolicionismo ia vingar mesmo, escreveu ao pai para alforriar os escravos da família e por fim aos tais registros. Claro! Iria pegar mal muito mal à reputação de homem moderno e justo, autor da antológica frase de que um dia se teria vergonha de ser honesto.

Antecipou-se às próprias previsões, esperto que era. Tanto que foi o advogado dos interesses da companhia canadense de Luz e Energia, a Light, quando se instalou no Brasil. Quase um século depois, vendeu seu material já sucateado por um bom preço e alguma comissão a outro entreguista do erário público, o Paulo Salim Maluf, que além da compra superfaturada fundou a Eletropaulo: "Mais um marco de conquista, dos paulistas, trabalhista, progressistas..." e aquela enfiada de rima pobre do Guilherme de Almeida que tanto ufana a gente bandeirante.

Não se preocupe que não vou falar aqui sobre como os bandeirantes eram uns bugreiros desumanos e grosseiros, me atendo ao assunto das Cocás, que para uns é de Guiné, e para outros Galinha d'Angola.

Aqui em Santa Catarina, por exemplo, são chamadas de Galinha Angolista. Mas nos esses "por aí", há quem as chame de Galinha da Numídia. A Numídia fica ali por onde hoje é a Argélia, no norte da África. No entanto, se não conseguimos mais nem definir de onde vêm nossa gente, que se dirá das galinhas!

Daí que temos uma visão bastante distorcida nessa questão de qualificar as pessoas de pele escura, generalizando-as todas por "um negro" ou "uma negra", "negrinha".

Se é branco, é um "italianinho", ou uma "polaca, portuguesa, alemoa", qualquer algo que distingue e personaliza a pessoa por país ou região européia. Já o negro, é negro e pronto. Tá resolvido.

O escambau! Veja você, que além de muito maior do que a Europa, e compreendendo maior diversidade de meridianos, portanto climática (o que influi muito em diversidades culturais), o continente africano registra a mais antiga ancestralidade da presença humana no planeta Terra.

Você falou em Guiné. A cultura dos naturais da Guiné era riquíssima: ceramistas, variada culinária, primorosos agricultores, etc. Já se os antecendentes do indivíduo provêm de Moçambique, provavelmente outros serão seus atavismos e pendões de talento, afinal, como é sabido, todos temos nossas tendências e potenciais hereditários.

Por causa do pai do Rui Barbosa não temos aqui como definir isso, como aproveitar isso.

Mas voltando a galinha antes que ela esfrie, nos interiores de São Paulo e beirando Minas Gerais, são conhecidas por "Tô-Fraca", e este entrelaçar de assuntos me lembrou antigo caso levado as barras do tribunal de uma pequena cidade interiorana, pelo proprietário de umas quantas "cocás", devidamente almoçadas e jantadas por um pobre capiau dono de reduzido roçado de milho.

O juiz, ainda que pendente ao reclamante, foi obrigado a acatar as razões do reclamado, pois ao lhe pedir a versão dos fatos, o mesmo explicou:

"- Sabe como é Sr. Juiz. Tenho lá o Juvenal pra me avisar do despontar do sol. Mas galo macho que é, não serve pra outra coisa. Já a Quitéria e a Maricota ajudam no sustento e na dieta, porque a terra é tão pouca que se não fosse os ovinhos delas, a gente só passava a milho todo santo dia!

Mas apareceu essas galinhas voadeiras aí do Coronel, e ficaram ciscando ali no meu terreiro. Nos principes, não dei bola. Mas as bichinha ficavam naquele "tô-fraca! tô-fraca! tô-fraca", e a muié que tem amor muito grande nas criação, achô de dar milho pras bichinha.

Quanto mais milho dava, mais elas reclamava: "tô-fraca! tô-fraca! tô-fraca". Todo dia!

Nessa toada o milho foi se acabando, e não tinha mais nem pra família do Juvenal, de modo que ficamô também sem os ovos. Não é pra falar mal, mas essas do Coronel só faziam comer , pois botar botavam sabe Deus lá onde.

De modo que quem foi enfraquecendo fomos nóis mesmo, até que pra não morrê de fome por falta e ovo e milho, o jeito foi acabar com a fraqueza das penosas e mandá elas tudo pra panela.

É isso. Mas por Cocás, eu não conhecia não. Já vai pro caderninho de anotações, e fica aí um grande abraço.      

 
Raul Longo
Pouso da Poesia
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Raul Longo
Pouso da Poesia

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