quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

ESTOU CANSADA - crônica ecológica-existencialista - por Denise Figueiroa - Renovar valores - Mudar o mundo - Ser levada a sério é tarefa surpreendentemente difícil - Cansada de provar o meu valor - Cada um tem a sua obrigação - Não vou mais falar em.... - Deixo de falar em exploração animal....

 
 

 
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Estou cansada 

 crônica ecológica-existencialista


Estou cansada de sempre ter que renovar meus valores, ratificar meus posicionamentos e sempre ter que provar minha função.

Sou bióloga, com muito orgulho, mas antes de tudo, sou humanista, sou ser    Flor de uma variedadehumano, passível de erros e sensível a quase tudo.                                             
de cacto
Quase!

Quero mudar o mundo! E minhas ambições são todas iguais ou maiores que isso. E não me contento com a mediocridade, muito menos com a minha.

Quero ser melhor! Quero buscar o melhor para mim, e quero modificar cabeças, quero transformar universos. Quero tentar conscientizar as pessoas, de alguma forma.

O único "porém" é que não consigo mudar nem mesmo as pessoas
mais próximas a mim, quem dirá as distantes.

Ser levada a sério é tarefa surpreendentemente difícil.
Principalmente se você considera isso o limite entre sobreviver nessa selva de pedras ou não.

Estou cansada de ter que provar o meu valor. Como ser humano, como profissional, como filha, como amiga, como irmã, como pessoa.

Não é porque tenho formação nas ciências que vou resolver o         problema de todo o mundo. Não é isso.                                                        Angolas ou cocás                                                                                                          
Não é também porque sou formada em uma área ligada ao meio ambiente, porque
sou ambientalista, ecologista, amiga dos animais, ativista, e as palavras
que queiram dar, que vou segurar na mão de cada pessoa e lhe dizer o que é
legal, o que é justo, o que não fere, o que não maltrata e o que não tortura
pessoas, animais, plantas; o que está acabando ou não com o planeta em que a
gente vive, em que todos vivemos.

Não vou fazer isso. Não tenho essa obrigação.

A obrigação é pessoal, o dever é de todos; e não só meu.

Não vou falar mais em experimentação animal; não vou falar nos milhões de animais que são mutilados, queimados, induzidos à fome, levados à cegueira,
ao câncer e a milhares de coisas que só trazem sofrimento e humilhação - sim, humilhação porque são seres vivos, como nós.                                                             Acima : flor do quiabento.                                                              Abaixo : Economia de água no
                                                                            plantio de legumes
                                                                            no semi-árido. 
Não vou falar mais em economia de energia, de água, de produtos e no quantotudo isso muda, sim, ao contrário do que todos falam e pregam, a percepção e a atitude diante de tudo que nos rodeia. Que isso muda, sim, a perspectiva futura, inclusive para aqueles que ainda não nasceram.
Não vou  mais falar em desmatamento na Amazônia; não vou falar em como estamos acabando com todos os biomas e ecossistemas brasileiros, mundiais, somente porque nos omitimos da responsabilidade e nos eximimos da culpa -
todos temos culpa!

Não vou falar nos limites da ciência, não falo mais. Não falo mais em
auto-limitação, aquela tão bem definida pelo Boff.
Não falo mais em controle populacional e nem na incapacidade           moral do ser humano enquanto espécie. Não falo nunca mais.  
                                                                                                           A "Jaguatirica" alimentando seus filhotesNão vou mencionar mais a ignorância humana quando mata ou tortura um ser
vivo por prazer, por divertimento, por desconhecimento e desinformação, por
folclore e superstição. Não falo mais dessas sandices, não falo.
Deixo de falar em exploração animal - incluo a espécie humana e todas as outras (sim, somos animais, não importa o quão especial você se considera, somos apenas macacos!) - deixo de falar em tráfico humano, deixo de falar em rodeios, vaquejadas, deixo de falar em pedofilia, não falo mais em rinhas, não falo mais em coletas indiscriminadas de espécimes, não falo mais em corrupção e todas as mazelas que afligem o mundo.
                                                           Ao lado : A "menina", já grande,
                                                                           ainda mama !!   Não vou mais reclamar do resto que alguém deixou no prato
enquanto milhares morrem de fome.
Não vou me indignar com a quantidade de bens que consumimos
(e me incluo, em determinados momentos) sem necessidade alguma.
                                                    
Ao lado : Galinhas caipira tomando
                                                                     banho de terra  Não faço mais nada disso.

Cada qual com a sua consciência. Cada qual com a sua capacidade
de mudar, de evoluir.
Cada um por si.                                Ao lado : A faceira "Pitiula" !!                                                  
E é melhor repensar essa história de que deus está por todos.

Sou bióloga, gestora ambiental (apesar de não entender o que isso
 realmente significa), vegetariana (em vias de me tornar vegana) e uma primata (yes!) completamente estafada de toda a macacada que estamos fazendo no mundo.

                                            Ao lado : A visão abrangente e solitária 
                                                            da coruja        
Denise Figueiroa

Direitos autorais reservados. Permitida a reprodução apenas em sites gratuitos.


P.S. Tudo aqui é, claro, uma grande mentira. Não deixo, nem deixarei de me indignar mais - todos os dias - e de falar - com muito mais freqüência - sobre tudo isso acima citado.

Obs : Denise é participante ativa em grupos de discussão na internet e amiga colaboradora nos
          Grupos-Ambiente.

          As fotos foram tiradas na região de Lagoa Real - BA, semi-árido nordestino.


COMENTÁRIOS :

De Acrítico :

Acho que sua forma de pensar coaduna-se com um conceito budista
chamado Revolução interior. A idéia de que podemos produzir uma
Revolução no mundo começando essa revolução em nós mesmos. É
interessante, lógico, mas provavelmente não há como provar que as
coisas aconteçam ou possam acontecer dessa forma. Se tivessemos de
explicar um processo abrupto de mudança, poderiamos, em vez de
utilizar a idéia de revolução interior, utilizar a idéia de histeria
coletiva ou alguma analogia com um processo de disseminação de vírus.
O que, no meu entender, diferenciaria a idéia de Revolução interior
das outras formas de explicações de mudanças, é o fato de que ela nós
sugere que temos algum controle sobre as mudanças das quais fazemos
parte, o que não poderia nos ser mais reconfortante.
Como acredito que a verdade está naquilo que rouba do homem o bom
conceito que ele faz de si próprio, não me é nada fácil ver na idéia
de Revolução interior a melhor opção explicativa. Me parece mais uma
daquelas idéias que funcionam bem na teoria, mas são pouco úteis na
prática.

 


Por Idealista :

Sem treinar a mudança em mim mesmo, é impossível vislumbrar alguma
mudança no exterior.

Sem provocar pequenas mudanças ao meu redor, não há como imaginar
mudanças nas pessoas que continuam ao meu redor, mas que formam uma
camada mais distante daquelas que, literalmente, me rodeiam.

As pessoas ao meu redor: amigos, família, colegas, afetos. E todas as....


Por Acrítico :

Por que não nos cansamos de tentar, tentando?


Podemos desistir de tentar pensando, mas não nos cansar de tentar
pensando. Nós que confundimos pensamento e ato somos capazes de dizer
“Estou cansado de tentar mudar o mundo” ou de forma mais modesta
“Estou cansado de tentar mudar as pessoas ao meu redor”, duas....


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